Recordar o Milagre Metaleiro [2023]

25 de Agosto

25 de Agosto era o tão aguardado dia para o começo de um dos melhores festivais de verão, assim prometia o cartaz. Moonspell e Therion foram os cabeças deste primeiro dia

Texto: Bruno Manarte e Eduardo Ramalhadeiro
Fotos: Eduardo Ramalhadeiro

Infelizmente, devido a compromissos laborais, não nos foi possível assistir às primeiras bandas. Ainda assim, foi-nos possível assistir a grande parte da actuação dos nuestros hermanos Hadadanza no palco secundário. Virgens no nosso país, o concerto foi bastante movimentado e festivo, devido ao folk/rock energético (e já agora, bastante peculiar) que fez movimentar os esqueletos de muita gente.

O tempo entre bandas nunca deu para “respirar” e mal tinham acabado os Hadadanza, já os Angus McSix se prestavam a entrar no palco. Previamente conhecido como Angus McFife, antigo cantante dos Gloryhammer, de seu nome Thomas Winkler, veio ao Milagre apresentar o seu mais recente álbum «Angus McSix and the Sword of Power». Curiosamente, a banda apresentou-se sem baixista mas os fãs de Power Metal não ficaram desiludidos por tamanho aparato proporcionado pela actuação.

Tempo para mais uma banda espanhola, desta vez com os Opera Magna – tal como o nome indica, sinfónico… Power Metal Sinfónico de muito boa qualidade, bem executado e cantado na sua língua materna. Excelente prestação.

… e mais uma vez o povo se moveu para a esquerda, palco principal onde os Orden Ogan apresentaram o seu mais recente «Final Days». Muito Power Metal neste dia. Com uma carreira já com mais de vinte anos, os germânicos deixaram muito boa impressão, não só para os fãs seguidores da banda mas também para os muitos que fizeram neste dia.

Já caía a noite quando os nacionais Blame Zeus deram entrada no palco secundário – qualidade a rodos e muita presença em palco que merecia (já) um palco principal. Após actuações bastantes energética de bandas ligadas ao Power Metal, os Blame Zeus não deixaram o rock alternativo por mãos alheias e não deixaram arrefecer o ambiente (antes pelo contrário). Ponto alto foi a estreia de dois singles, “Left for Dead” e “Lust” do próximo novo álbum «Laudanum».

Os Therion foram uma das atracções do primeiro dia. Após duas passagens por Portugal – Vagos e Capitólio. A trilogia «Leviathan» esteve em destaque e a actuação foi um autêntico best of de clássicos. A performance nem sequer ficou “manchada” pela falta de Chiara Malvestiti, sendo as vozes partilhadas pelos habituais T. Vikström e Rosalía Sairem.

Mais uma vez o povo deambulou para a direita onde os “Viriatos” Shutter Down começaram a aquecer o ambiente para os Moonspell. «Awake» é o único álbum, datado já de 2017 e, claro, o alinhamento foi composto na maioria pelos temas do álbum de estreia. Hard Rock/Rock, puro e duro cheio de energia serviu para aquecer a malta que esperava pelos cabeças de cartaz.

Os Moonspell encerravam no Pindelo a digressão de verão – como sempre, Fernando Ribeiro e companhia não deixam os fãs portugueses (e espanhóis) ficar mal – actuação bastante sólida, no entanto, a desilusão prendeu-se com a falha de “Vampiria”. “Alma Mater” é sinal de apoteose mas a verdadeira apoteose chegou com os “Parabéns a você” em dia de aniversario do Fernando Ribeiro.

26 de Agosto

Texto: Bruno Manarte e Eduardo Ramalhadeiro
Fotos: Eduardo Ramalhadeiro

Infelizmente por imperativos de transporte só nos foi possível chegar ao Pindelo um pouco antes do início dos Toxikull. Ainda a cerveja não ia a meio ia estávamos a levar com o pó do moche! Que concerto, que energia, que público – os Toxikull “partiram” aquela merda toda, pó, pó e mais pó! A versão “Killed by Death” dos Motorhead deveria ter dado a “machadada final” na malta toda – versão do caralho!

Os Eclispe foram uma das bandas da noite – estreia absoluta em Portugal – e se o ambiente já fervilhava por causa dos Toxikull, continuou a fervilhar com o Rock contagiante dos Suecos.

A promover o novíssimo «Magalomanium» a banda, liderada por Erik Martensson apresentou os três singles “The Hardest Part is Losing You”, “Got it” e “Hearts Collide”. Aguarda-se novo concerto em nome próprio!

O Rock no palco principal deu lugar aosAktarum que definem a sua música como “A Troll Metal band”. Portanto, está-se mesmo a ver que estes “trolls” fizeram levantar muito pó e circle pits Foi, pois, uma festa (curta) de arromba!

Como sempre, os Dark Tranquility são bem recebidos por terras lusas – sem um álbum editado desde 2020, o concerto foi um descarregar de clássicos, qual best of… «Damage Done» e «Moment», foram curiosamente os álbuns mais representados. Tirando o magnífico “Therein” do «Projector», todos os restantes temas foram destas últimas duas décadas: “Monochromatic Stains”, “Lost to Apathy” ou “Misery’s Crown” – que encerraram os festejos – foram só alguns dos exemplos. Concerto imaculado!

Entre as duas principais bandas (melódicas) do dia, os franceses Bliss of Flesh descarregaram um blafesmo black/death, só para desanuviar o ambiente. O álbum «Tyrant» que data de 2020 foi tocado na totalidade

O dia (e a noite) já ia longo quando os Stratovarius subiram ao palco. Tal como os Dark Tranquility o alinhamento abraçou oito álbuns, com especial destaque para «Episode» e o mais recente «Survive» de 2022. Após um início algo periclitante, com alguns problemas no som da voz, a banda soube manter o público motivado – “Speed of Light”, “Black Diamond”, “Eagleheart”, “Paradise” e, claro, “Hunting High and Low” foram “hinos” que mantiveram a malta quentinha.

Chegados (quase) ao fim… os Sacred Sin fecharam este segundo dia da melhor forma. Ainda sobrou uma réstia de força nos “chispes”, para apoiar esta malta que já anda nestas lides há mais de 30 anos. Incontornáveis os temas “Ghoul Plagued Darkness”, “Darkside” ou “Seal Of Nine”. O corpo estava de rastos e cheio de pó… mas a alma, essa estava bem viva!

27 de Agosto

Texto: Gabriela Teixeira

Ao terceiro dia do Milagre Metaleiro, todas as atenções estavam voltadas para o regresso dos Cradle of Filth, tal era a quantidade de fãs a envergar t-shirts da banda. Coube aos catalães Erzsébet abrir as hostilidades com o seu black metal fortemente teatral, seguiram-se os nacionais Enchantya, com Rute Fevereiro ao leme. A banda deu um espectáculo muito energético, ao qual o público respondeu de forma muito positiva. Outra banda muito bem recebida foram os internacionais Serious Black, que impuseram o seu Power Metal ao alinhamento da tarde, de onde se destacou uma boa versão da “Keep on Rocking in the Free World” de Neil Young. O folk metal dos franceses Boisson Divine precedeu os germânicos Grave Digger. O público aglomerou-se para ver a máquina de heavy metal teutónica abrir o espectáculo com “Lawbreaker” e fechar com o hino “Heavy Metal Breakdown”. Os heavys espanhóis Lujuria tiveram a infelicidade de tocar antes de Cradle e por isso a maioria das pessoas já estava concentrada em frente ao palco principal, no entanto deu para perceber que são uma banda que agradará aos amantes do heavy metal mais tradicional. Os Cradle subiram ao palco e mal começaram os acordes de  “Heaven Torn Asunder”, o público descarregou toda a energia que havia acumulado naqueles três dias de espera. Qual reverendo, Dani Filth foi vociferando clássico atrás de clássico e exigindo do público circle pit atrás de circle pit. Ambos se entregaram mutuamente e, ainda que 60 minutos tenham passado num sopro, muito poucos terão saído defraudados com a prestação da banda que desfilou “Gilded Cunt”, “Cruelty Brought Thee Orchids”, “The Principle of Evil Made Flesh”, “Nymphetamine”, “Born in A Burial Gown”, “Her Ghost In The Fog” e saiu em apoteose com “From The Cradle To Enslave”. Seguiram-se os espanhóis Hate Legions com o seu black/death furioso, contudo já era notória a debandada após o fim do concerto dos Cradle. Quem teve pernas e energia para ficar até ao fim foi presenteado com o sentido de humor dos Gigatron. A banda espanhola trouxe um espectáculo de pura homenagem a todos os clichés do heavy metal que colocou um sorriso no rosto de todos os presentes. Uma banda de paródia com óptimos músicos que nos mostrou que só nos faz bem rirmos de nós mesmos.

Em suma, foi uma belíssima edição. O festival cresceu, o cartaz estava estupendo, mas agora a organização tem nas mãos uma “batata quente”, na medida em que tem responsabilidade de manter este crescimento, ainda que haja muitas arestas a limar. Os alicerces estão lançados e o potencial é imenso, por isso todos nós estamos a torcer para que a edição de 2024 do Milagre Metaleiro seja ainda melhor do que a de 2023!

Até para o ano! \m/

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