[Best of 2023] LEPROUS: talento e elegância de mãos dadas no Hard Club

Texto e fotos por: Gabriela Teixeira

Os noruegueses Leprous, senhores de uma sonoridade única dentro do metal progressivo, visitaram Portugal, pela terceira vez, na noite de 20 de Fevereiro. A abertura coube aos conterrâneos Kalandra e aos ingleses Monuments. A minha chegada ao Hard Club coincide com os últimos acordes dos Kalandra, o que me deixou bastante desapontada na medida em queria muito ter ouvido a belíssima voz de Katrine Stenbekk. Para quem gosta de bandas mais etéreas, que exploram, de forma melancólica, o folk nórdico, os Kalandra são um nome a ter em consideração.

Seguiram-se os Monuments e o seu som que pode ser apelidado de progressive math metal/djent (tive de ir ao Metalstorm pesquisar, assumo!) e que agradou à grande maioria do público, ao ponto de haver uma moshzinha simpática em algumas músicas. Apesar da sonoridade desta banda me ter desagrado profundamente, a verdade é que deram um concerto cheio de energia, simpatia e, deram tanto em palco que o baterista até perdeu os óculos. A capacidade vocal de Andy Cizek também é bastante impressionante, há que ser realista, mas sinceramente, achei que aquele som mecânico e carregado de raiva não se encaixava bem entre duas bandas manifestamente mais melódicas.

Terminada a actuação dos Monuments, foi a vez da banda mais esperada. A abertura do espectáculo fez-se com a sensual “Have you ever”, acompanhado com leds azuis e vermelhos. A sala calou-se para ouvir a voz extraordinária de Einar Solberg e, desde o primeiro acorde, render-se ao talento superior de cada um dos músicos em palco. A banda cobriu praticamente toda a sua discografia e, de «Aphelion», tocaram ainda “On Hold”, a arrepiante “Castaway Angels”, dedicada ao bravo povo ucraniano, e “Nightime Desguise”. A meio da actuação, Einar dá a escolher ao público uma de quatro músicas e a escolha recaiu em “Illuminate”, do «Malina» já do longínquo ano de 2017. No encore ouviu-se e sentiu-se “The Sky is red” que ganhou uma dimensão quase xamânica com o palco todo iluminado de vermelho e os músicos num transe que se estendeu à plateia. Na verdade, todos os temas cresceram em intensidade ao vivo e a voz esteve sempre impecável. O efeito visual dos leds foi igualmente impactante, na medida em que cada cor acentuava o dramatismo de cada tema. Mesmo que quisesse, não lhes posso apontar nenhum aspecto negativo. Leprous são, ao fim de duas décadas de existência e sete álbuns, um nome de qualidade superlativa na abordagem mais moderna ao prog, formados por belíssimos músicos que fervilham criatividade e não temem experimentar com apontamentos electrónicos de suma elegância. Foi uma honra estar ali presente!

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