Comendatio Music Fest – Progressivamente Relevante

Por: Gabriela Teixeira

Daniel Cardoso, o conhecido e talentoso multi-instrumentista, compositor e produtor português que também faz parte da organização do Comendatio Music Fest, teve a gentileza de ceder um pouco do seu tempo de férias para falar com a Versus Magazine sobre este festival que, às portas da sua 3ª edição, entrou já para o roteiro dos festivais de Verão de um público mais alternativo e apaixonado pelas abordagens modernas do universo mais progressivo.

Nos próximos dias 5 e 6 de Agosto, em Paço da Comenda, Tomar,  decorrerá mais uma edição do Comendatio Music Fest que começou por se chamar Comendatio Metal Fest, mas em pouco tempo viu o seu nome e o seu espectro musical redireccionados porque, segundo Daniel Cardoso, “não queríamos ser mais um festival que se cingia apenas ao metal. Decidimos alargar os horizontes e abraçar um universo que todos nós, na organização, gostávamos particularmente – o Prog, mas sempre com abertura de espírito suficiente para receber bandas que o extravasaram, como por exemplo os nacionais Rei Bruxo que recebemos no ano passado”. 

O cartaz deste ano é composto por 12 bandas, das quais quatro são nomes nacionais – Z.U.L, Apotheus, Twin Seeds, e Quentin.  Os nomes fortes fortes deste ano são os germânicos The Ocean, que lançaram em Maio o seu 10º álbum «Holocene» ,a obra que conclui uma quadrilogia de discos e os Unprocessed que vêm apresentar a sua mais recente longa duração «Gold». Da Austrália, teremos os aclamados Caligula’s Horse que andam ainda a promover o belíssimo «Rise Radiant», lançado há 3 anos, e o one-man project de Rohan Stevenson – I Built the Sky e, para “piscar o olho aos nuestros hermanos”, podemos também contar com os Corrosive, um colectivo, oriundo de Navarra, que nos propõem uma boa dose de metalcore.

Segundo Daniel Cardoso, “tem sido uma óptima experiência organizar este festival e lidar com tantos artistas talentosos, completamente desprovidos de tiques de vedetismo. Ter trazido bandas como TesseracT, Haken, Rendezvous Point… foi um orgulho para nós”. É notório que o festival, apesar de ainda ser considerado pequeno, tem muito potencial para crescer e, desse modo, aventurar-se em cartazes mais sonantes. “Olhamos para um festival espanhol, que já não existe, chamado Be Prog! My Friend e temo-lo como exemplo do que gostaríamos de nos tornar”, afirma Daniel que, no entanto, remata o raciocínio, “é bom ser um festival pequeno, as pessoas conhecem a organização, falam connosco e apontam os aspectos em que ainda podemos melhorar, mas, acima de tudo, recebemos muitos elogios”.

Não é só o festival que é jovem, o seu público também o é. “A média de idades andará entre os 19 e 30 anos e notamos que as pessoas não vêm só do universo do metal, aliás até nos apercebemos que muitos destes miúdos têm no modern prog a sua porta de entrada para a música pesada e depois farão a sua viagem de exploração dentro do progressivo”, como constacta Daniel.  Outro aspecto de enorme relevância é a fidelização de algum público, nomeadamente quando, a três meses do início do festival, a organização teve de lidar com duas desistências. Foram muitas as mensagens encorajadoras que receberam nas redes sociais, para além de já haver pessoas que compram o bilhete de um ano para o outro, independentemente do cartaz, porque já conhecem o espaço, gostam do ambiente e confiam na organização.

No entanto, e olhando à conjuntura económica actual, Daniel Cardoso salienta o papel preponderante da Câmara Municipal de Tomar, “ são um parceiro importantíssimo a quem estamos muito gratos pelo apoio e sem o qual não seríamos um festival sustentável. Também temos consciência que a vida não está fácil para muitas pessoas e só agora se nota um maior movimento na venda dos passes gerais e, mesmo assim, sabemos de pessoas que queriam muito vir, mas não podem. Só nos resta esperar que a situação global melhore e as possamos ter connosco numa próxima edição”.

Por detrás da organização do Comendatio Music Fest estão três amigos que sempre estiveram envolvidos no meio musical e cultural e que conciliam as suas vidas pessoais e profissionais com esta prazerosa aventura pelo amor incondicional que todos têm pela música.

Seguindo a temática do evento, foi possível fazer uma pequena entrevista a um das bandas convidadas: os Caligula’s Horse.


Vocês são da terra do “Down Under”, um país que fica longe de tudo. Como é que é organizar uma digressão com toda a logística associada?

Honestamente, é uma loucura. Fazer uma digressão é difícil, independentemente do sítio de onde se é, em termos de logística e de fazer com que tudo funcione (sem perder muito dinheiro!), mas vindo da Austrália já é difícil por defeito. Só o facto de irmos para outro continente já acresce um custo enorme e outra “viagem” enorme à digressão e já fizemos muitos espectáculos com um jet-lag inacreditável – mas é algo que adoramos fazer e que nos sentimos verdadeiramente privilegiados por fazer no mundo pós-COVID, por isso vale a pena para nós.

O vosso último álbum data já de 2020, quando podemos esperar um novo?
Estamos a trabalhar nisso agora mesmo! Esperamos ter algumas novidades para todos num futuro próximo, mas, por enquanto, estamos focados em celebrar o álbum “Rise Radiant” agora que temos a oportunidade de fazer digressões com ele e dar vida a essas músicas. Perdemos muito durante os anos da COVID, então estamos a dar o devido e merecido destaque a este álbum antes de seguir para novos temas.

No Comendatio Music Fest, você não estarão a promover um novo álbum. Qual é o critério para criar o setlist?

Esta é a digressão do álbum “Rise Radiant” que nunca pudemos fazer, então o setlist incluirá muitas músicas desse álbum. Também gostamos sempre de equilibrar o setlist o máximo possível com material de todo o catálogo anterior – sabemos que temos alguns fãs antigos e leais por aí e que esperam há muito tempo para ouvir estes temas mais antigos. Então, deve ser uma mistura bem divertida de preciosidades dos Caligula’s Horse!

O que pode o público português esperar do espetáculo dos Caligula’s Horse?

Um espetáculo dos Caligula’s Horse é sempre uma conversa musical entre nós e o público, uma experiência energética e emocionalmente poderosa para todos nós. Os nossos fãs adoram entusiasmar-se e ficar animados, cantar cada palavra (e às vezes chorar de vez em quando, haha!) É uma celebração da música, do amor e uns dos outros.


Alinhamento:

05/08

The Ocean (GER)

I Built The Sky (AUS)

Allt (SE)

Altesia (FR)

Qwentin (PT)

Z.U.L. (PT)

06/08

Caligula´s Horse (AUS)

Unprocessed  (GER)

Playgrounded (GR/NL)

Corrosive (ES)

Apotheus (PT)

Twin Seeds (PT)

Para mais informações e compra de bilhetes:

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