Huronian – Uma Pedrada no Charco

Começa com uma melodia etérea e segue com uma ferocidade inaudita! É assim que se apresenta o primeiro álbum da banda italiana Huronian, que promete dar que falar na cena Metal internacional. A não perder de maneira nenhuma!!!

Entrevista: Cristina Sá e JP Madaleno

Contacto: Huronian | Gruesome Records [ Cassete ] | Dolorem Records [ CD ]


CSA e JPM – Saudações! Esperamos que esteja tudo bem convosco!

CSA – Como nasceu Huronian?

Daniele – Isso aconteceu durante o primeiro confinamento devido à COVID. Eu e o Umberto (guitarra) andávamos a pensar em criar música juntos para além da que fazemos para Hateful (a nossa outra banda) e surgiu-nos a ideia de fazermos algo que se parecesse com uma banda de Melodic Death Metal ou Black Metal do início ou dos meados dos anos 90. Não é preciso referir que somos ambos fãs de bandas escandinavas como At the Gates, Dissection, Dark Tranquillity dos primeiros tempos, Sacramentum, Eucharist, etc…

JPM – Onde foram buscar o nome da banda?

Huronian era um nome que eu tinha em mente já há uns tempos. Tem a ver com a expressão glaciação huroniana, um acontecimento geológico que cobriu a Terra inteira de gelo há dois biliões de anos.

“[…] Huronian tem uma visão […] fantástica, tipo ficção científica […] A música evoca atmosferas distantes e estranhas […]”

Daniele
Huronian

CSA – Na informação promocional enviada pela editora, fazes a ligação entre esta banda e as duas outras mencionadas (Hateful e Valgrind), porque és membro das três. Como as diferencias?

Na minha opinião, têm estilos muito diferentes!Além disso, as canções são escritas por pessoas diferentes… Eu escrevo a maior parte do material em Hateful, enquanto o Umberto se encarrega da música e das letras em Huronian e Valgrind tem o Max como principal compositor. Huronian tem uma visão mais fantástica, tipo ficção científica comparada com as outras bandas. A música evoca atmosferas distantes e estranhas, e eu procuro dar-lhes vida com as minhas letras inspirando-me em mestres da literatura como Lovecraft, Gene Wolfe, Poe e Dan Simmons.

CSA – O título deste vosso lançamento – «As Cold as a Stranger Sunset» – é realmente bizarro, logo fascinante (pelo menos do meu ponto de vista).

– O que significa este título para ti?

Escolhemos este título, porque queríamos dar ao ouvinte uma descrição do que poderia encontrar no álbum, do ponto de vista da música e das letras. É uma espécie de convite, uma previsão dos mundos que irão explorar, quando carregarem no botão para começarem a ouvir o álbum.

“Escolhemos este título, porque queríamos dar ao ouvinte uma descrição do que poderia encontrar no álbum, do ponto de vista da música e das letras. […]”

Daniele

– A que se referem as canções?

A inspiração veio sobretudo da literatura. Por exemplo, “Ever Burning” narra a guerra entre Deus e os Anjos Rebeldes descrita em “Paraíso Perdido” de Milton. O “Book of the New Sun” [“Livro do novo sol”] de Gene Wolfe inspirou as letras de canções como “Emissary of the Void” e “Shadow Cast by Eternal Sails”. Nem todos os temas abordados provêm de fontes literárias… “Birds Among Insects” é um exemplo que trata de nefilins [uma espécie de gigantes]. Portanto, mitos e lendas constituem também boas fontes de inspiração para as nossas canções.

JPM – Este álbum é concetual?

Não, cada canção conta a sua história.

CSA – Quais são as principais características do vosso som?

O nosso propósito é fundir melodia e emoção com uma abordagem old school verdadeiramente brutal. Penso que conseguimos alcançar o nosso intento: as canções são rápidas e agressivas, mas, ao mesmo tempo, apresentam aquela melancolia escandinava que queríamos recriar. Há alguns elementos que podem parecer inesperados como as linhas de bateria inspiradas no Death/Grind e uma abordagem vocal do tipo Van Drunen. Mas são coisas que tornam a mistura mais pessoal. Não estamos aqui para copiar ninguém em particular.

CSA – A primeira vez que ouvi este álbum fiquei estupefacta pelo fantástico contraste entre a intro etérea e o caráter feroz/violento/esmagador da primeira canção. O álbum é todo uma fascinante mistura de beleza e horror. Concordas comigo?

Obrigado por essas gentis palavras. Sim, penso que esse efeito resulta do equilíbrio de que falávamos na resposta anterior… Gostamos de música “bonita”, mas também de agressividade! Alguém descreveu o nosso som como “som de Gotemburgo alimentado a esteroides” e eu penso que é mesmo uma boa descrição.

JPM – Quando estava a ouvir o vosso álbum pela primeira vez, os meus ouvidos sentiram-se estimulados e ficaram mais atentos. Por curiosidade, como é costume, fui ver a informação sobre o lançamento e descobri que eram uma banda italiana. Não sei como explicar isto (talvez seja apenas ignorância), mas vocês soam mais como uma banda escandinava (da Suécia ou da Noruega).

– Concordam com esta ideia?

Sem dúvida. Isso acontece, porque muitas das nossas influências vêm dessa área. Não escondemos o facto. Mas, como já expliquei, estamos a desenvolver o nosso próprio estilo e outras experiências vividas pelos membros da banda dão um novo sabor ao nosso som.

JPM – Por outro lado, sem querer fazer comparações, há uma banda austríaca – Harakiri for the Sky – de que eu gosto mesmo muito e que vocês me lembram pela forma agressiva como tu cantas, Daniele, e pelo modo como a tua voz assente na perfeição nos registos mais rudes e vertiginosos guiada pela bateria do Marcello e também pelos riffs mais melódicos da guitarra do Umberto.

– Essa banda tem alguma influência na vossa conceção musical?

Tenho de admitir que só os conheço de nome, portanto não posso de modo nenhum ser influenciado pela sua música. Terei de perguntar ao Umberto. No geral, não nos deixamos inspirar por bandas contemporâneas (mesmo que sejam muito boas). Mas prometo ir ouvir a música deles!

“[…] Gostamos de música “bonita”, mas também de agressividade! Alguém descreveu o nosso som como “som de Gotemburgo alimentado a esteroides” […]”

Daniele

JPM – Quais são as vossas principais influências musicais?

Os primeiros tempos da cena de Gotemburgo (At the Gates, Liers in Wait, Dark Tranquillity, os primeiros tempos de In Flames, Eucharist, Sacrilege), mestres do Death Black Metal sueco como Unanimated, Sacramentum, Dissection, algumas bandas gregas como Rotting Christ e Septic Flesh dos primeiros tempos e, acima de tudo… Iron Maiden, que – provavelmente – os influenciou a todos!

CSA – Adorei a capa da cassete. Podes explicar-nos o que fizeste, Daniele?

Obrigado. É um pormenor de uma paisagem estranha, que eu pintei para simbolizar a atmosfera do álbum. Representa um mundo estranho e desconhecido ainda por explorar. A capa completa só aparece na versão em CD.

CSA – E por que decidiram lançar também o vosso álbum em cassete? Não vos pareceu que isso poderia impedir os vossos fãs de ouvir a sua versão física?

Também fizemos um lançamento em CD pela Dolorem Records (França). E ainda há uma versão digital. Basta consultarem a nossa página no Facebook onde encontrarão toda a informação de que precisam.

CSA – Vocês são uma banda cheia de predicados, porque também fizeram a maior parte do trabalho de gravação do álbum. Podes contar-nos como aconteceu isso?

O Umberto é um bom produtor e trabalhou durante anos para muitas outras bandas. Portanto, pareceu-nos lógico deixá-lo ocupar-se da mistura e da engenharia da maior parte do álbum. As únicas coisas que ele não gravou foram a bateria do Marcello e a minha voz. Esse trabalho foi feito pelo estúdio Art Distillery da nossa cidade natal: Modena. O álbum acabou por ser masterizado pelo Damian Herring da Horrendous Fame.

CSA – Última pergunta. A vossa editora informou-nos de que tencionam vir a Portugal em julho para apresentar o vosso álbum ao vivo. Querem deixar uma mensagem para os fãs portugueses?

Mal posso esperar pela oportunidade de partilhar a nossa música convosco!!! Vamos tocar ao Porto a 22 de julho com Deathfucker e uma banda local chamada Voidwomb! Esperamos que apareça muita gente. Mantenham-se informados sobre o evento consultando as páginas da Gruesome Records e de Huronian no Facebook e no Instagram! Que o Metal flua!!!


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