Severoth – Um universo de pensamentos

Illia Rafalskyi (aka Severoth) liga a música que ao seu universo de pensamentos e multiplica os seus projetos musicais para melhor o exprimir.

Entrevista: Cristina Sá
Info: Severoth


Saudações! Espero que estejas bem.

Severoth já é uma banda experiente, visto que «Vsesvit» é o seu quinto álbum.

Para começar, gostaria que nos explicasses como te veio a ideia de criares este projeto musical?

Bem, eu só queria criar música. Comecei em 2007 criando o logo e o nome Severoth. Não sabia tocar nenhum instrumento, portanto decidi começar pelos sintetizadores. A primeira canção que gravei era simplesmente música ambiental tocada com um sintetizador, muito inspirada nas faixas ambientais de Burzum. Gravei algumas demos em casa usando cassetes. E depois usei essas cassetes para gravar novas demos e por aí adiante. Algures em 2008, fui viver para outra cidade. Uns sujeitos que eu conhecia formaram uma banda e precisavam de um baterista. E assim eu tornei-me baterista. E usava Severoth como nome artístico. Ensaiámos e fizemos concertos e, dessa forma, aprendi a tocar bateria. Mais tarde, em 2009, conheci o Dusk e formámos Endless Battle. Ele encarregava-se da guitarra e da voz e eu da bateria, nos ensaios. Em 2010, gravámos a nossa primeira demo. Fizemos nós próprios a gravação e eu tratei da mistura. A seguir, avançámos para um álbum. Eu também queria escrever música para este álbum, portanto comecei a compor melodias e riffs no sintetizador. Mas comecei a sentir-me cada vez mais limitado e decidi aprender a tocar guitarra. Logo, comecei a aprender a tocar guitarra e tornou-se claro para mim que era mais do que capaz de fazer tudo sozinho. E assim fiz. Desta decisão resultaram os álbuns «Winterfall», de Severoth, e «And I Walk Among the Shadows», de Morok, que eu compus, gravei e misturei sozinho. Ambos foram lançados em 2015 e desta forma dei início à minha carreira a solo que dura até hoje.

E por que decidiste ser uma one man band?

Qualquer banda ou projeto que envolva outras pessoas é um compromisso. Tens de lidar com pessoas e com o “fator humano”. A dada altura da minha vida decidi que estava farto de compromissos, que posso ir mais longe sozinho, sem outras pessoas a atrasarem-me. Gosto de aprender coisas novas e de fazer tudo à minha maneira. Por conseguinte, comecei a fazer tudo sozinho.

Li na Metallum que tens outros projetos musicais que também são dinamizados apenas por ti. O que os separa uns dos outros?

Bem, cada projeto tem uma abordagem própria, assenta em ideias diversas. Portanto, para mim são diferentes, mas, ao mesmo tempo, são todos criações minhas, logo partilham valores ligados à música que me são caros. Criei-os sobretudo porque queria explorar várias facetas da música. E também porque é divertido.

A Ucrânia tem algumas bandas notáveis (por exemplo, Drudhk e Grave Circles). Sentes-te influenciado por alguma banda do teu país? Ou de outro país?

Não, na realidade não me sinto influenciado por nenhuma banda atualmente, mas no passado sim: Burzum, Emperor, Mortiis, grandes nomes noruegueses. Mais tarde foi Midnight Odyssey, o grande projeto polaco chamado Evilfeast. E, da Ucrânia, posso referir, sem dúvida, Nokturnal Mortum, Astrofaes, Drudkh…

Qualquer banda ou projeto que envolva outras pessoas é um compromisso. […] Gosto de aprender coisas novas e de fazer tudo à minha maneira. Por conseguinte, comecei a fazer tudo sozinho.”

Illia Rafalskyi

O novo álbum é muito inquietante.

– Sentes-te frustrado porque pretendias fazer um álbum contemplativo e ele acabou por seguir noutra direção? Ou decidiste muito simplesmente seguir a tua inspiração?

Foi a segunda opção. Sempre segui os meus sentidos. Não passei cada dia dos 2 anos que demorei a fazer o álbum no trabalho. Por vezes, sentia que não ia conseguir criar nada, sentia-me mentalmente muito longe de qualquer música. Mas depois vinham tempos melhores e eu voltava a trabalhar no álbum. Cada canção resultou de um desses momentos, agora perpetuado em música.

– Tenho a tradução dos títulos de todas as faixas do álbum, mas não do seu nome. O que significa «Vsesvit»?

Всесвіт (Vsesvit) significa “universo” em ucraniano. No caso do meu álbum, trata-se mais propriamente de um Universo de Pensamentos.

– De que forma as várias faixas se relacionam com esse título global?

Não há uma relação direta. Cada canção representa uma história individual nascida da minha mente, do meu universo de pensamentos. E cada um de nós tem o seu próprio universo. Por conseguinte, tu podes ver este álbum pelo prisma da tua própria vida.

– E, a propósito, o que quer dizer Severoth?

Nada. É uma palavra inventada. Север (Sever) significa “norte”, na maioria das línguas eslavas, e o prefixo “oth” veio de um dos livros do Senhor dos Anéis.

Adoro a foto da capa. Que relação estabelece a artista (a tua esposa) entre esta fotografia e o álbum?

A Julia criou a arte para todos os meus álbuns. Esta capa foi feita num serão. Limitei-me a fazê-la escutar a demo que tinha na altura e a explicar-lhe a minha perspetiva e aí tens o resultado.

Como chamaste a atenção da Avantgarde?

A editora contactou-me em 2018 a propósito de Bezmir, outro dos meus projetos. Depois perguntei-lhes se estariam interessados em conhecer Severoth e eles aceitaram. Assim, quando terminei o álbum, contactei-os novamente para discutir o assunto mais em pormenor e chegámos a um acordo.

«Vsesvit» saiu a 20 de novembro (portanto há quase um mês atrás). Como está a ser recebido?

Parece-me que ainda é cedo para dizer, mas parece-me que está a ser muito bem recebido. As pessoas parecem apreciá-lo.

A promoção feita pela tua nova editora faz mesmo diferença?

Bem, eu não percebo nada de promoção, portanto tenho dificuldade em avaliar essa parte. A promoção deve ficar a cargo de pessoas que saibam o que estão a fazer. E eu penso que os profissionais da Avantgarde conhecem o seu domínio. A minha parte é tratar da música.

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